quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Travessia?

                                                  Fotografia: Polianna Souza

        Achava-se completamente perdida por entre vultos turvos e maltrapilhos que andavam cambaleantes por todos os lados. Buscava, exasperadamente, sair daquele lugar desconhecido, mas, por mais que procurasse, não conseguia encontrar o caminho de volta. Correu o mais rápido que suportou, mesmo cansada e quase sem forças, mas quanto mais corria mais adentrava e mais desorientada ficava. Desejava entender tudo o que lhe acontecia sem que nada fizesse sentido. Entoavam ao longe cantigas que lhe pareciam tão familiares, mas de onde as conhecia?
        Fazia tanto frio e sentia tanto medo, que não aguentaria ficar ali por nem mais um minuto. Gritou por socorro o mais alto que conseguiu, com raiva até, mas ninguém a ouviu. Haveria um modo de sair dali? Imaginava que não suportaria continuar assim tão aflita e o peito retumbava alto. Já não conseguia segurar as lágrimas que faziam tempestade em seu semblante. Lavou-se na chuva de angústias do seu coração.
        Mas o que estava havendo, afinal? Não era possível que estivesse acontecendo de verdade! Onde estaria? Por mais que pensasse, não encontrava respostas. Queria seguir, continuar, mas estava exausta, não conseguia. Resignada, deixou-se cair ao chão e ali mesmo adormeceu. Sonhou que sonhava que voava! Tão livre se sentia, que podia tocar a imensidão do azul do céu! Ufana de seu feito, considerava-se verdadeiramente feliz! Voar, ela podia voar! Zunindo como o vento pelas frestas da vida sem limites, sem dor, sem medo.